domingo, 26 de outubro de 2008

A Ênfase da AUTO DESTRUIÇÃO

NÃO HÁ DE SE REPETIR.
(Fechei os olhos, como uma piscadela

mas não consigo mais recobrar o ângulo de abertura anterior
estou a merce da maré de vida

quando já me seguraram a mão e disseram venha
olhe as pegadas que deixei

mas como olhar se fechei os olhos

podendo-os abrir apenas com uma esfregada de mãos
sujei minhas mãos de lama)
NÃO HÁ DE SE REPETIR.

NOVA HORA
NOVO TEMPO
ABRA OS OLHOS
OLHE,ABRA OS
DEIXE QUE A LUZ TE ATINJA
DEIXA PARA O MUNDO O QUE È DO MUNDO
ELEVE-SE, EM CORPO
ALMA
ESPÌRITO

ELEVE-SE EM VIBRAÇÃO MENTAL
E DEIXE ESSAS PERTUBAÇÕES PARA TRAS
LARGUE DE LEVANTAR POEIRA DO CAMINHO JÁ PERCORRIDO
SIGA EM FRENTE
SIGA LUZ
SIGA A LIBERDADE

CORRA O MAIS RÁPIDO QUE PUDER
ESTANDO PARADO, ESTANDO CORRENDO
PROCURANDO CHEGAR ATÈ ONDE SUA VIDA PERMITIR
ATÈ ONDE CONSEGUIR
ATÈ ONDE NÃO HOUVER MAIS PARA ONDE IR
FIQUE ALERTA
SIGA CONTENTE

DOMINE SUA MENTE COM A MENTE
SEU CORAÇÃO COM O CORAÇÃO
LIBERDADE!!! LIBERDADE!!!
LIBEEEEEEEEEEERDADEEEEEEEEEEEEE!!!!!!!

sábado, 10 de maio de 2008

3ª Micrônica de Capinanrá

Das Lutas, do tráfico e da Igreja

Morena andava pelo sertãozinho, seus olhos iam longe procurando por Rosmiro, era o dia que ele chegaria, como havia prometido a tres anos quando a mãe dela morreu, chegaria em 7 de Janeiro, o dia do aniversario dela, com quinze anos, agora menina-moça já tomava conta do lar, dos irmão e até de seu Pai, apesar que o tomar conta do Pai era no banho, quando todos ja estavam dormindo.
Capinanrá agora era cidade, tinha Igreja e a capelinha, os pés de erva perto do leito do rio, tinha armas e até armada, não fora o sonho de Morena, mas sabia que Capinanrá ia vingar, ia ser ponto de de migração...
Veio o trote da mula, e de longe se avistava tres, Morena correu:
- Pai, é Rosmiro... tia Idalena e tiu Gericó, Venha Pai, vem receber...
- Acalme-se Morena, chame Fábio e José, devem ta la pela capela...


- Abrande-se Rosmiro, sei que sempre amou minha filha, vão se casar e ta decidido, quem falar alguma coisa da primisse de voces vai ser ver com Germiro de Paiva
- Sim senhor, tiu Germiro
- Agora não se aveche e vamos aprontar o casorio...


- Pegue o barco logo José e leve Fábio com vocês, que não tenho tempo de ficar com ele, os homem vem hoje e tenho que aprontar os papeis de garganta...
- Deixe Fábio com Morena...
- Largue de ser burro cabrunco, se to falando que é pra levar o menino com você e Rosmiro é porque Morena não está, foi prova o vestido do casorio...


- JOSÉ! Fábio caiu na água
- Cade ele Rosmiro?
- num to vendo não, parece que sumiu
- Pule na água Rosmiro, que eu num sei nadar...
- Também não sei Cabra...


- Num chore Morena, Fábio está num lugar melhor.
- Por favor, não fale nada Rósmiro

- Sinto muito Morena, mas como seu Pai não posso deixar que o casorio se atrase, seu irmão se foi mas não é caso de deixar os aprontamentos de lado, vai casar e é hoje. 2 abr excluir Bruno C.
Seguia-se as musicas, Morena tinha acabado de dizer o sim, estava pra sair da igreja com os braços dados com Rósmiro.
- Seu CABRA DA PESTE, matou meu irmão!
- Aponte essa coisa pra lá José
- Eu vou te matar, sei que voce que deixou ele cair na água...
- Num faça isso irmão, deixa Rosmiro em paz
- Se afaste Morena que é hoje que você casou e é hoje que fica viúva
- O QUE TA ACONTECENDO POR AQUI?
- Num se meta não Pai... Num se meta não...
- Largue isso José, num aponte isso pro marido de sua irmã

*PÁ*

- Socorra, Socorra meu pai!
- Calme Morena... Fique aqui. Vamos cabras, quero achar José ainda hoje

- Morena, tome conta de tudo que eu construi por Capinanrá, pois você é filha de Germiro de Paiva,
- Num faz isso comigo Pai, abra esses olhos por amor de Deus.

Anos depois:
Anunciam a nova guerra de Capinanrá, José volta com seus capangas e toma a parte do lado da igreja da cidade, agora Capinanrá não escapa, pois já virou ponto de migração, como muitos a conhecem, Expurgo do Inferno, com suas intrincadas redes de prostituição, drogas, jogatina e tudo que não mais presta, Morena é a dona de Capinanrá e Rósmiro quem executa as leis de sua rainha, pois agora com coração duro, é mulher so de corpo e boca pra fora, pois macho algúm desafia ela, a menina que nunca mais chorou, filha de Germiro de Paiva, Cafetina de Capinanrá, Mãe de Santo, Pai das Honras e dona de tudinho que a cidade tem, menos da igreja de seu Padre.

- José meu filho sabe o quanto é arriscado o que você vai fazer...
- Claro meu Padre, mas sou cristão, e os cristãos vão salvar Capinanrá
- Olhe pela sua irmã
- Olhava antes, antes dela se virar com o Diabo, e aquele Rósmiro, to doidinho pra provar do sangue dele
- José isso não é cristão
- Não é não Padre, isso se chama vingança!

Os Cristinos que comandam a Igreja, e cada um que passa pelo centro de Capinanrá tem que beijar os pés da estatua de cristo, para se mostrar que em Capinanrá todos estão a seus pés, Amém.

2ª Micrônica de Capinanrá

Do nascer de Capinanrá

- Túlio, socorre a moça, chama a parteira que a bolça estourou...
- Eita mulé parideira, DONA MOÇA!!! Ei Dona Moça, a Mãe da menina Morena ta parindo denovo, acode ela por lá que agora eu não posso sair do meu posto de guarda

- Sai criança cabrunca...
- Calme Dona Moça, vai mata o fiote antes do bixinho nascer?
- Faz força, respira que eu vou puxar essa criança, ela vai sair no braço!
-Dona Moça, a mulé não ta mais respirando...
- a criança pelo menos saiu, vici...

- Num chore Morena, sua mãe agora ta com todos os pais de mesa branca...
- Cale a boca Rosmiro, voce nunca perdeu uma parente pra sabe...
- Mas como que vai se chamar seu irmão Morena?
- Fábio acho eu, mas isso não importa...

Tiros rolavam pela vila sem nome, eram os grupos do sertão que com armas na mão revolucionavam o novo-sertão, já não era lampião pois os tempos havia mudado, eram os homem da fumaça, do cheiro de gesso e do capim do diabo, Pai de Morena que os foi receber, e Morena só conseguiu escutar:
- ...agora é capinar pra planta...
e com sua mente ainda infantil viu o nome Capinanrá, agora uma vila com nome, que se tornaria uma cidade, e daria futuro pra estrela dela brilhar, e entre todos os sonhos de fugir dali ela era a única que queria ficar.

1ª Micrônica de Capinanrá

-Levanta-se Rosmiro, num te guento mais no meu calcanhar, vai! seja homem pelo menos uma vez e mate aquele animal
o suor escorria da testa de Rosmiro, abrindo rios de branquidão naquele rosto tomado pela fuligem, Morena ainda com os braços em arco na cintura olhava para ele, recolhido sobre seu proprio corpo e agarrado a sua perna esquerda.
-Vai homem, o cabra ja ta esperando por voce, quando vim passei pela frente da igreja e já ta cheio por la, é hoje que a brasa come...
De repente a porta foi aberta com um pontapé, Rosmiro não tardou em se contrair ainda mais e os pés de Morena já estavam roxos pelo segurar demasiado.
- Fale seu guarda! e por que quebra a porta de minha casa?
- Oxi, se quebrei foi sem intenção, so que tenho que revistar a casa de senhora...
- Com ordens de quem guarda?
- Seu padre que falou!
- Largue de ser besta que esse Padre não manda em nada, não vai olhar coisa alguma por aqui, senão vai se ver com Morena Galenti, filha de Germiro de Paiva
- Olhe Morena, é contra lei...
- Contra lei é o que vai acontecer na frente da Igreja, um assasinato.
- Num fale mentira mulher, hoje é dia de quermesse, Deus olha por nós...
- Mas se retire guarda, se retire que tenho que falar com esse cão que se agarra em mim
- oxi que nem tinha visto, Rósmiro o que faz ai em baixo cabra?
- Ta cum falta de fala, mas agora saia guarda, e fale pro Padre que num vai olhar casa nenhuma, principalmente as do gueto
Morena olhou novamente pra Rosmiro.
- Eita homi que só mi da desgosto, se desagarre de mim e vai lutar, num te vai acontecer o sonho não cabra, ta protegido por ogam, água de flores, água de cheiro, arruda, alecrim, beijo de moça, capim dos capim, olhar de virgem, espada de são jorge e por ultimo Morena Galanti que é mais protetora que Iemanja em dia de ressaca.
E os tiros comeram solto pela vila de Capinanrá, o gueto sem Rosmiro, seu lider perdeu o ponto de traficar, e Morena Galanti morreu com o soar do primeiro tiro, com Rósmiro a seus pés, como ele sonhara

sábado, 8 de março de 2008

O dia de Amanhã'

-Mamãe! O que que é amanhã?

Sem mais delongas a senhora parou de croxetear, olhou fundo nos olhos da criança que não era seu filho, pausadamente pigarreou, pensou alguns instantes e logo exclamou.
- Saia Menino, não quero mais te ver por aqui, todo o dia a mesma estória de perguntar o que é amanhã!

- É que você só me confunde dona Aurea, fala que o amanhã é quando passar o dia de hoje, mas quando eu venho de novo você me diz a mesma coisa... e o hoje nunca acaba pra chegar o amanhã.

- Saia e também não me chame de "mamãe", não quero te ver aqui mais dia algum...

Lá se foi o menino de dona Aurea, achar o amanhã longe da riqueza de sua velha senhora.